
No universo da Análise de Negócio, a comunicação eficaz entre equipas e stakeholders é muitas vezes o ponto decisivo entre o sucesso e o retrabalho.
Neste artigo, Alexandra Barreiras explora o papel da prototipagem como ferramenta estratégica na fase de levantamento de requisitos — um momento crítico em qualquer projeto.
Mais do que um exercício visual, o protótipo surge como um instrumento de alinhamento, validação e redução de ambiguidades, permitindo transformar ideias abstratas em algo tangível e compreensível para todos os intervenientes.
A autora destaca ainda o equilíbrio essencial entre o papel do Business Analyst e o dos profissionais de design, reforçando que prototipar não é desenhar, mas comunicar melhor. Uma reflexão prática e esclarecedora sobre como esta abordagem pode tornar o processo de requisitos mais ágil, colaborativo e orientado ao valor real do negócio.
Prototipar: A Chave para um Levantamento de Requisitos (ainda mais) Eficiente
A fase de levantamento de requisitos representa um dos momentos mais críticos no ciclo de vida de um projeto. Garantir que as necessidades do utilizador final são corretamente interpretadas e documentadas é um desafio recorrente. A experiência mostra que existe frequentemente um desfasamento entre o que é descrito em reuniões ou documentos e o que o cliente efetivamente idealizava. Quando a validação ocorre apenas após o desenvolvimento, o custo das alterações tende a ser significativamente elevado.
Neste contexto, a utilização de protótipos durante o levantamento de requisitos pode constituir um recurso particularmente útil. A prototipagem permite traduzir descrições abstratas em representações visuais, facilitando a compreensão por parte dos utilizadores e possibilitando feedback imediato. Esta prática contribui para a redução de ambiguidades, a clarificação de expectativas e a promoção de uma participação mais ativa dos stakeholders na definição da solução.
A prototipagem viabiliza a exploração de hipóteses de forma ágil e sem compromissos técnicos. Protótipos de baixa fidelidade podem ser ajustados rapidamente, possibilitando a validação antecipada de ideias antes da implementação. Embora não seja imprescindível para um Business Analyst desempenhar a sua função com qualidade, a prototipagem pode representar um fator diferenciador, acrescentando valor na comunicação e no alinhamento com as partes interessadas.
As ferramentas colaborativas vieram tornar este processo mais acessível. A sua utilização não exige conhecimentos avançados de design, mas permite estruturar fluxos de navegação, mockups e representações interativas com impacto imediato na clareza das discussões.
É fundamental, contudo, estabelecer uma distinção clara de papéis. A prototipagem realizada por um Business Analyst deve ser entendida como um meio de comunicação inicial e de apoio à validação de requisitos, não como substituição do trabalho de UX/UI Designers. Sempre que o projeto exigir protótipos de elevada fidelidade ou decisões estruturais relacionadas com experiência do utilizador e identidade visual, a responsabilidade cabe naturalmente aos profissionais especializados em design.
Assim, embora não seja obrigatória, a prototipagem durante o levantamento de requisitos pode ser considerada uma boa prática a adotar quando o contexto do projeto o justifica. Ao facilitar o diálogo, antecipar problemas e reduzir riscos de desalinhamento, contribui para um processo mais eficiente e para a criação de soluções que respondem de forma mais precisa às necessidades do negócio.
Em síntese, a prototipagem nesta fase deve ser encarada como um recurso estratégico: um meio de alinhamento e validação preliminar que reforça a confiança entre stakeholders. Essa confiança, por sua vez, é um dos alicerces centrais para o sucesso e para a entrega de valor real nos projetos.
Alexandra Barreiras
Consultant @Step Ahead Consulting